Nuvens

Seria a falta das nuvens no cenário azul do céu, ou a visão imaginária de sua vinda na expectativa das chuvas serôdias e temporãs que regam o solo precipitando o nascimento da vegetação e embelezando os jardins outrora regados a gotejamento.
As nuvens formam-se na esperança, na vontade e a partir das necessidades urgentes, latentes que existem no coração. Nascem também na ebulição dos sentimentos em conflitos, quando se voltam para o alto na expectativa que elas se juntem e encham-se em sua sutil mudança de um branco algodão para o cinza que contrariando a sua tonalidade prevê esperança das torrenciais chuvas que regam as sementes e faz germinar as plantas nas diversas áreas do jardim fechado e habitado por estranhas emoções.
Mas, ao olhar para o céu e nele não percebê-las, o seu azul faz a agonia brotar no íntimo quando chega à percepção que as esperadas nuvens ainda não povoam o céu da nua imaginação.
Existem aquelas pequenas nuvens, mas, não menos importantes que passam deixando cair algumas gotas para amenizar a sede das sementes postas ao chão com o intuito de fazer brotar as orquídeas que foram plantadas no jardim em outra estação. As gotas que vem e passam, ascendem a cede e o querer que nuvens densas e consistentes povoem o céu e faça chover com vontade encharcando a terra e fazendo explodir em cores, em flores e tons.
As nuvens ainda virão, quando o céu de azul se tingir e o vento soprar trazendo-as para regar e fazer nascer, crescer e vingar as sementes enterradas e amortecidas pelo espaço desse tempo de esperar.

Vera Cavalcante